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Tipo: Fundo    Dimensão: 232 caixas + 202 Livros+ 15 pastas    Datas: 1286-1989
História:
Os Sousas do Calhariz, Duques de Palmela, descendem de Isabel de Sousa, filha bastarda de Lopo Dias de Sousa, Mestre da Ordem de Cristo. Para além de Condes, Marqueses e Duques de Palmela, primogénitos e secundogénitos dispõem ainda de títulos como Condes do Calhariz (1823), Marqueses de Sousa Holstein (1855), Marqueses de Monfalim (1861) e Marqueses de Sesimbra (1864).

Foi 1° e único Conde, Marquês elo Duque de Palmela, D. Pedro de Sousa Holstein, Conde de Sanfré, no Piemonte, nascido em Turim, em 1781, falecido em 1850, filho de Alexandre de Sousa Holstein, senhor da Casa dos Sousas, chamados do Calhariz, embaixador de Portugal nas cortes de Copenhaga, Turim, Roma e Berlim, e de D. Isabel Juliana de Sousa Coutinho, da Casa de Alva, depois Marquesa de Santa Iria.

D. Pedro de Sousa Holstein iniciou a carreira diplomática em Roma, em 1802, onde seu pai se encontrava como embaixador. Foi então enviado para a Corte Pontifícia como conselheiro de embaixada e, após a morte de seu pai, ali continuou como encarregado de negócios.

Em 1806 voltou a Portugal, dedicando-se à administração da Casa. Por ocasião das invasões francesas, quando Wellesley dirigiu a acção das forças anglo-portuguesas contra os franceses, o Duque, então major, foi nomeado ajudante de ordens do coronel Trant.

Reiniciou a carreira diplomática, em 1810, como ministro plenipotenciário junto do governo espanhol de Cádis. O seu desempenho foi recompensado com a atribuição do título de Conde de Palmela em 1812. No mesmo ano foi nomeado embaixador em Londres e, em 1815, representou Portugal no Congresso de Viena, regressando a Londres em 1816. Defendeu os interesses portugueses no litígio com Fernando VII, relativa à questão do Rio da Prata.

Em 1817 foi nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros, o que implicou a sua ida para o Brasil em 1820. Acabou, no entanto, por se demitir, por não ter sido seguida a sua linha de orientação no sentido da harmonização dos movimentos liberais, que surgiam por todo o Brasil, com os interesses da Coroa. Desterrado da Corte, a ela regressou em 1823, após a Vilafrancada, tendo sido de novo encarregado da pasta dos Negócios Estrangeiros, mas acabou por ser preso na sequência da Abrilada. Após o exílio de D. Miguel voltou a ocupar a pasta dos Negócios Estrangeiros até 1825, altura em que voltou a Londres como embaixador. Com a proclamação de D. Miguel como rei absoluto, demitiu-se. Centrou-se então na luta pela causa liberal, tendo, em 1833, recebido o título de Duque de Palmela. Após a vitória constitucional, foi presidente da Câmara dos Pares e do Conselho de Ministros do 1° ministério do reinado de D. Maria II. Em 1835 caiu o ministério, mas Palmela voltou a ser nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros. Após a Revolução de Setembro teve que sair do país. Em 1838 foi novamente embaixador em Londres. Restaurada a Carta em 1842, presidiu ao curto ministério cartista. Ausentou-se do Reino, voltando pouco antes da revolta da Maria da Fonte. Voltou a sair do país, só tendo regressado depois da convenção de Gramdo.

Publicou diversos artigos de carácter político e económico em jornais portugueses e estrangeiros. Admirador das Artes, reuniu uma notável galeria de pintura. Foi casado com D. Eugénia Teles da Gama, filha dos 7ºs Marqueses de Nisa.

Foi 2° Duque (1859) o 2° Conde do Calhariz (1832), por falecimento do primogénito, 1° Marquês de Faial (1834), Conde de Sanfré, no Piemonte, D. Domingos de Sousa Holstein (1818-1864), filho 2° dos 1ºs Duques.

Foi 3ª Duquesa (conf 1862) a 3ª Condessa do Calhariz e 2" marquesa do Faial, Condessa de Sanfré, no Piemonte, D. Maria Luísa Domingas de Sales de Borja de Assis de Paula de Sousa Holstein (1841-1909), filha primogénita dos 2"" Duques. Foi dama da rainha D. Maria Pia, e camareira-mór da rainha D. Amélia, fundadora e presidente da Associação das Cozinhas Económicas de Lisboa. Casou com D. António de Sampaio e Pina de Brederode, filho 2° dos 1ºs Viscondes da Lançada, 3° Duque de Palmela pelo casamento.

Foi 4ª Duquesa, 3ª Marquesa do Faial (1881), Condessa de Sanfré no Piemonte, D. Helena Maria de Sousa Holstein (1864-1941), filha dos 3ª Duques, por morte do irmão, D. Pedro de Sousa Holstein. Foi representante dos títulos de Condessa do Calhariz, da Póvoa e de Viscondessa de Lançada depois da morte do 2° Visconde, seu tio paterno. Casou com D. Luís Coutinho de Medeiros de Sousa Dias da Câmara, filho 2° dos 1" Marqueses da Praia e Monforte.

Seu filho mais velho, D. António de Sousa Holstein Beck, que foi 4° Marquês do Faial e 4° Conde do Calhariz, faleceu em 1941 sem geração. Sucedeu-lhe seu irmão, D. Domingos Maria do Espírito Santo José Francisco de Paula de Sousa Holstein-Beck, nascido em 1897, engenheiro civil pela Universidade de Coimbra. Foi director do Banco de Portugal e nomeado embaixador de Portugal em Londres, em 1943. Foi administrador da Fundação Calouste Gulbenkian. Casou com D. Maria do Carmo Pinheiro de Melo, nascida em 1897, filha do 2° casamento do 1° Conde de Arnoso. Deste casamento nasceu D. Luís Maria da Assunção de Sousa e Holstein-Beck, 6° Duque de Palmela, 5° Marquês do Faial, 4° Conde de Calhariz, casado com D. Maria Teresa de Jesus Assis Palha. Seu filho, D. Pedro Domingos de Sousa e Holstein Beck é 7° duque de Palmela, 6° Marquês do Faial, 5° Conde de Calhariz.
Descrição:
Fundo constituído, maioritariamente, por documentação de carácter pessoal e patrimonial: "apontamentos biográficos" (biografias e autobiografias, notas e apontamentos, memórias, correspondência familiar, entre outra - 1673-1955); "textos literários" (profecias, dramas, poesia inédita, entre outros _ 1433-1955); "Cartas missivas" (correspondência particular e assuntos relacionados com falecimentos e exéquias, heranças, património da casa, casamentos, para além de eventos como ceias, jantares, bailes, festas, comemorações, viagens, discursos, conferências, campanhas de angariação de fundos com objectivos políticos (causa liberal), obras filantrópicas, para só referir alguns - 1674-1989); fotografias (da família Palmela e da família Arnoso - 1802-1983); filmes (visita da rainha Isabel II a Portugal-1957-1959); "patentes e condecorações" atribuídas a membros da família (títulos nobiliárquicos, nomeações para cargos públicos e políticos, promoções, entre outros - 1358- 1983). Inclui, ainda, "apontamentos genealógicos": Aguirre, Sousas, Wanzeller e Isnardi - 1582-1844 e "livros de genealogias" (1097-1750); documentação relativa à "gestão patrimonial- administração de propriedades": doações (1550), livros de contabilidade (1700-[1963]), pleitos (1378-1948); e "títulos de propriedade": contratos de compra e venda (1286-1971), doações (1436-1956), foral de Coina (1516), foros (1507-1965), testamentos (1286-1974), tombos (1437 1908).

A documentação é relativa a diversas propriedades da Casa de Palmela (situadas, entre outras localidades, em Santarém, Torres Novas, Lisboa, Cascais, Sintra, Alentejo, Palmela, Setúbal e Sado, Sanfré, Quinta dos Olivais, Quinta da Granja, Quinta do Calhariz, Quinta da Serra, Quinta da Apostiça, Quinta das Formas, Quinta da Costa do PÓ, Quinta das Aranhas, Quinta do Anjo, Quinta do Lumiar, Quinta de Cascais, Quinta de Sintra, Quinta da Lagoalva, Quinta do Mirante, Quinta da Lançada, Quinta da Martinacha, Quinta das Asseadas, Quinta da Chã, Quinta da Charneca, Quinta do Refortoleiro, em Alcobaça, Herdades de Painho e Bembelide, pinhais da Apostiça, Caldas, d'Assa, das Formas, do Ducado, marinhas do Sado, aos morgados de Sesimbra, Azeitão, Monfalim, Chã, Fonte do Anjo, reguengo de Portalegre), bem como a comendas várias (Santa Maria de Belmonte, São Salvador de Infesta, São Martinho de Bornes, de bens da Coroa, a padroados, a alcaidarias, para além de casas em Lisboa), Casa da Póvoa e Casa de Sandomil.

De referir igualmente notas sobre a compra de jóias, relações de obras de arte existentes no Palácio do Calhariz, e de outros bens.

Contém, igualmente, documentação resultante do desempenho de cargos públicos: actividade política» (correspondência - 1362-1978; fotografias - 1852-1968; visitas a fábricas inglesas e apadrinhamento dos navios Bragança e Angola); "actividade político-militar" (correspondência - 1525-1889).